Publicado em: 12/12/2022
Assistam.
Eu não costumo indicar filmes, mas este vale cada segundo da película.
Particularmente, eu nunca gostei do conto sobre um garotinho de madeira criado para preencher o vazio que a perda de um filho deixou num pai.
Claro que eu não vou dar spoiler, já que a história é de domínio público. Porém, a visão de Guillermo Del Toro é maravilhosa, genial, gigantesca, delicada e humana.
Sim, humana.
Humana quando aprendemos com a história a aceitar o outro como ele é. A entendermos que ser diferente também é normal, também é acolher, é integrar, é dar um passo à frente na Samsara da humanidade.
Como criança, a história tem um quê de horror, onde a mentira é desmascarada imediatamente, onde a inocência não protege, mas ajuda ao vilão a abusar, a escravizar e a obrigar ao trabalho infantil, inclusive com assinatura de um contrato de venda da alma com direito a trabalho forçado.
Mas nem tudo está perdido por causa de um pai amoroso que tenta resgatar o filho-boneco do mundo e o mundo o engole, restando apenas a fé no amor incondicional de filho pra pai e de pai pra filho.
A forma como a trama acontece sob a visão de Del Toro trás uma leveza e mostra uma jornada pesada, onde Pinocchio busca a aceitação de si pela comunidade, pelo pai e até por ele mesmo.
Assim, vemos na trajetória do marionete (vivo magicamente) um caminho que vai sendo descortinado conforme ele caminha, ora tentando preencher o lugar do filho falecido, ora se rebelando contra as imposições e limites que os adultos lhe impõem, ora honrando um contrato para que o pai não assumisse uma dívida criada mediante a assinatura de um contrato fake, baseado numa ilusão criada pelo abusador.
Pinocchio passa pelo crivo da igreja, da comunidade, do circo e da guerra. E ele vai modificando todos por onde passa. E se modifica, assumindo-se integralmente.
As melodias são delicadas e preenchem a trama com sua jovialidade, leveza e alegria.
É uma história de amor, amor em vida, amor em morte, amor em magia, amor na dor, amor de alegria, amor de curiosidade, amor de encantamento, amor de amigo, amor de pai e filho, amor de filho e pai, amor de mestre para com seu aprendiz e amor por amor.
Se puderem vejam, vejam sozinhos, acompanhados, com seus filhos se tiverem e divirtam-se.
As lições contidas ali da forma como foi contada marcarão seu coração de um jeito inusitado.
Obrigada por me ler.
Fonte: Own