Publicado em: 30/12/2020
Modinhas vêm e vão e o mundo continua o mesmo, sem melhorias reais. Particularmente, eu não gosto muito de modinhas. As coisas ou são ou não são. Ou em última instancia, nós as criamos para ser o que quisermos.
A modinha do quântico em tudo... A modinha do politicamente correto... A modinha do empoderamento... Que coisa mais chata!
Se realmente ficasse algum aprendizado de tudo isso, pode ser que valesse a pena. O fato é que se agíssemos com as outras pessoas conforme gostaríamos que fôssemos tratados, estas modinhas não existiriam. Porque não haveria falta de respeito, violência e preconceitos que, hoje, são exacerbados.
As pessoas não querem pensar. Elas não se colocam no lugar do outro. Elas querem para si e acham que estão acima da lei do universo. E eu nem falo acima da lei dos homens, porque ainda somos falhos, então, nossas leis são falhas. As do universo não.
A comunicação não violenta é mais uma das modinhas, que não deveria existir. Mas que existe porque estamos vivendo num mundo tão insano com pessoas tão adormecidas, que tentativas de acordá-las surtem efeitos em poucos. E o mundo gira.
Vejo amigos, cujo casamento acabou, tentando criar uma forma de comunicação que o respeito mútuo exista em função de crianças que nada tem haver com suas brigas. E vejo raiva, muita raiva circulando por todos os lados.
O mundo esta no meio de uma pandemia e a ganância impera firme e forte. A desinformação, a falta de educação para consigo mesmo e para com o outro é o palco ideal para que o vírus se propague e vidas sejam perdidas.
E parece que ninguém se importa. Pessoas aglomeradas sem máscaras e quando exigimos que se afastem, elas olham de forma raivosa como se eu fosse insana. A vacina ainda não chegou aqui. E elas acham que se o governo liberou o livre comércio, o distanciamento, o uso de máscaras e do álcool em gel são medidas desnecessárias. A que ponto chegamos? E é a maioria.
Fico pensando e começo a entender que não evoluímos. Não a maioria. Que revoltas como a da vacina em 1904, ainda não foram extintas. Hoje, mais do que nunca, vejo pessoas dizendo que a culpa é do governo, que o governo isso e aquilo, que não irão vacinar. Estamos numa pandemia global exatamente porque não existe vacina para este vírus. E elas não entendem. Ou não querem entender.
O pior é ouvir uma recrutadora dizer que estar desempregado por causa da pandemia não é justificativa para estar desempregado. Pessoas da área da saúde orientando a não se vacinarem. Mas que estão vacinadas, assim como seus parentes.
É um show de desinformação. Um show de prepotência e arrogância. A ciência perdeu espaço para o “achismo”. Se isso não é o fim dos tempos, eu não sei o que será quando este tal de fim dos tempos chegar. O que, para mim, é um mito, mais uma face da mitologia humana.
Mundos vêm e vão numa velocidade tamanha, e tudo o que estamos vivendo se tornará pó, uma vaga lembrança e mais a frente, terá se perdido no tempo e no espaço.
E o que estamos fazendo de nossas vidas?
A comunicação não violenta é mais uma tentativa de fazermos valer a lei do respeito mútuo. E ela começa com entendermos o valor das palavras, seu significado e o que elas provocam em nosso subconsciente.
E falando em subconsciente e em inconsciente, palavras ditas sem o mínimo de cuidado para crianças provocam situações lamentáveis na vida adulta delas.
E esta tudo junto e tudo misturado.
A onda da constelação familiar é uma tentativa de retomada da instituição família. Porque fases e aprendizados importantes e que fortaleciam o clã e a ideia de família se perderam no tempo. O “educar” dado pelos pais deixou de existir. E não foi transferido para as escolas, porque as escolas apenas instruem, mostram o conhecimento em doses diárias.
À grosso modo, crianças foram criadas sem regras, sem fortalecimento do que é correto e do que é errado, e o mundo se tornou o que é hoje. Um emaranhado de desinformação, de falta de humanidade de uns para com os outros.
Caraca! Você esta revoltada! Não se trata disto. Eu apenas observo.
O planeta esta doente, estamos passando pela maior crise já vivida no mundo e as pessoas não se importam, não se afetam, não sentem compaixão, ou empatia. Parecemos gado indo de um lado pro outro.
Qual aprendizado tiraremos quando a pandemia acabar? Sinceramente, para os sensíveis, suas vidas terão mudado. Para a grande maioria da população, apenas terá sido um período de grande isolamento e de escassez de recursos.
O mudar começa dentro de cada um de nós, quando decidimos não propagar a violência, quando decidimos que da gente nada que nos machucou será passado pra frente. Quando decidimos nos importar, correr atrás, descobrir novas formas de sobreviver sem prejudicar ninguém, sem máscaras, sem modinhas, sem falta de humanidade.
Quando decidimos que seremos apenas humanos, praticando sentimentos nobres como o amor, a compaixão, a empatia, o respeito mútuo em todos os aspectos. Quando aceitamos as pessoas como são, o que nos inclui, aceitarmos como somos e irmos resolvendo cada dor interna, no nosso tempo, com os recursos que temos à nossa mão hoje. Sem frescuras, sem “e se”, sem esperas e expectativas.
Escolhemos nosso próprio destino. E eu escolho viver neste mundo, nesta época e com estas pessoas que estão no planeta agora. Eu escolho fazer o meu melhor todo dia e a cada instante. Mas esta é a minha escolha.
E a sua?