Publicado em: 26/09/2020
Educação financeira deveria ser uma disciplina obrigatória no ensino fundamental aliada à matemática e à educação de sobrevivência básica.
Sim, aquela sobrevivência básica que ensina a cozinhar, a arrumar uma casa e a lavar roupa. Ensina a sobreviver esteja onde você estiver, usando o mínimo, que atenda ao que seja necessário.
Não, não é discurso sexista. Eu não escrevo para gêneros, cor de pele ou opção política. Eu escrevo para seres humanos que pensam como eu. Para que eles saibam, que não estão sozinhos.
Saber arrumar uma cama ao se levantar não é só uma obrigação, mas uma necessidade de organização interna. Existe um discurso motivacional de Willian Mcraven que fala sobre isso.
O corpo gosta de rotina: mesmo horário para acordar, mesmas tarefas matinais, independente do dia da semana. Rotinas saudáveis criam ritmo. E ritmo faz com que tudo flua e evolua na vida de uma pessoa.
Assim criar ou mesmo modificar um pequeno hábito é um trabalho que exige atenção, esforço e regularidade.
A educação financeira funciona da mesma forma. Uma vez que a pessoa entenda o que é, como funciona e pra que serve, torna-se mais fácil colocá-la em prática.
Devemos lembrar que o dinheiro é uma energia de troca. Ele não deve ser o fim, mas um meio. Meio para conseguir o que é necessário para sobreviver e o que se quer.
A nossa relação com o próprio dinheiro deve ser saudável. E para conquistar esta relação saudável, devemos ter alguns cuidados e seguir alguns passos.
Primeiro passo
O primeiro passo a ser dado é colocar tudo no papel. Sim, precisamos saber quanto recebemos por nosso trabalho, quais nossas despesas e o que podemos fazer para equilibrar os dois.
Faça um gráfico com quatro colunas: data vencimento, descrição, tipo e valor.
A primeira coluna é a data do vencimento de cada item, que é a data limite para pagar ou receber. A segunda coluna é a descrição. A terceira coluna é o tipo do que foi descrito: despesa ou receita. A quarta coluna é o valor.
Comece com a receita, que é tudo o que você recebe de dinheiro durante o mês. Coloque o valor líquido, que é exatamente o valor que entra em sua conta.
No segundo momento, coloque todas as despesas, dividindo por categorias:
Despesas mensais – aquelas despesas que você paga todo mês referente à água, luz, telefone, condomínio, alimentação, condução, cursos. E dentro delas, divida em duas categorias: despesas com valores fixos e despesas com valores variáveis.
Outras despesas – aquelas que você não tem planejamento e que você gasta eventualmente. Podendo ser tudo o que você vem pagando e que você não considera despesa mensal.
Ao final, some todas as receitas, todas as despesas e subtraia da receita, o valor das despesas.
Pronto, sua primeira tarefa esta pronta: você anotou tudo o que recebe e tudo o que gasta durante o mês.
Segundo passo
Agora, vamos para a segunda tarefa: descobrir tudo o que você gasta desnecessariamente. Isso significa que você deve anotar TUDO o que você gasta durante o dia. Um cafezinho na esquina, uma bala aqui e ali, uma compra por impulso de algo que você não precisava, mas que comprou porque estava numa promoção. Faça isso durante todo o mês.
Sim, é chato. É muito chato. Mas se você se dispôs a fazer uma educação financeira, você deve saber para onde o seu dinheiro esta indo. E onde esta o rombo em suas contas.
Ao final de cada dia, acrescente tudo que você gastou no final da planilha. Estes podem ser gastos supérfluos ou que você tem e que não acrescentou por achar que não é despesa. Mas é.
Veja bem: não é errado gastar com pequenas coisas durante o dia. O errado é perder o controle de pra onde o seu dinheiro esta indo e porque a relação entre receita e despesa não fecha e você fica devendo e empurra a divida para o mês seguinte.
O cenário ideal é gastar dentro do limite do que você recebeu, o que esta em sua conta. Sem o uso do limite especial.
Terceiro passo
Se você esta endividado. Anote todas as dívidas e renegocie para uma dívida única parcelada e que este parcelamento não ultrapasse o que você ganha, já retirando as despesas mensais. Não tem mágica. É simples assim: renegocie. Ou no banco, ou fintech, ou financeira. Lidar com uma divida única vai lhe fazer um bem enorme.
Quarto passo
Cancele o cartão de crédito e o limite especial em sua conta. Estes dois vilões queimam seu dinheiro numa escala cada vez maior.
Mas neste momento você não tem esta opção de parar de comprar com o cartão de crédito. Cancele o cartão de crédito habitual e adquira um cartão de credito pré-pago. Você só poderá gastar o que tiver nele.
Quinto passo
Onde consigo economizar?
Corte tudo o que for supérfluo. É sério! Corte tudo o que não lhe acrescente e que esteja contribuindo para aumentar o rombo em seu orçamento.
Cortar o que é supérfluo significa tudo o que você vem pagando e que você não consome. Por exemplo, cotas de um clube, canais da TV a cabo que você não vê, academia que você foi uma vez e não retornou, compras de algo aparentemente necessário, que ficou jogado no armário, dentre outros.
Você já pensou em ler rótulos de produtos no supermercado? Você já reparou que as marcas do próprio supermercado são mais acessíveis e a qualidade é a mesma de uma marca famosa? Não? Então, deixe-me lhe contar: a maioria dos produtos do próprio supermercado são da fábrica das marcas famosas, com a mesma qualidade e o mesmo sabor. Pare e leia. Você vai se surpreender.
Eu já cheguei a comprar um leite em pó de uma marca famosa e o mesmo leite em pó da marca do supermercado e fazer o teste. O fabricante era o mesmo. Os ingredientes são os mesmos! O sabor é igual.
Você pode economizar também negociando com a sua operadora de telefonia e de internet. Os serviços e a concorrência existem para que possamos usufruir de produtos de qualidade por um preço justo. Ainda não temos este tal preço justo no Brasil, mas quero acreditar que estamos caminhando para isso.
Sexto passo
Agora que a brincadeira começa a ficar boa. Assim que você estiver com seu orçamento equilibrado, que é gastar dentro do que você ganha, comece a pensar em investimentos.
Comece a economizar 5% do que você ganha. Faça uma reserva de segurança. Ela é importante para o caso de você ficar desempregado. O ideal é reservar seis meses do seu salário.
Depois, comece a investir: coloque seu dinheiro numa poupança até que tenha dinheiro suficiente para investir em renda fixa, ou em algo que tenha um retorno seguro. E leia sobre investimentos. Leia tudo. Aventure-se com pouco dinheiro inicialmente e conforme você for entendendo do mercado, vá dando um passo de cada vez. Um pouco de cada vez.
Pronto! Educação financeira é isso! É gastar menos do que se ganha. É aprender a lidar com seu dinheiro de forma que ele traga alegrias e não dores de cabeça.
Lembre-se: comece devagar, dê um passo de cada vez. Estude seus hábitos. Hábitos ruins têm o costume de produzir despesas elevadas. Faça isso por você, para que você tenha uma vida com mais qualidade.
Obrigada por ler este artigo.
Fonte: Educação Financeira