Publicado em: 09/10/2024
Recentemente, eu estive relembrando o meu primeiro contato com o benzimento. Eu não tinha mais que 3 anos. Morávamos no Serrano e havia uma senhorinha bem idosa que benzia em sua casa, que era muito pequena também. Lembro de me sentar ao lado dela e de conversamos sobre o benzimento. Fiquei lá o dia todo, até que me buscaram no final da tarde.
Esta senhorinha fumava cachimbo e o cheiro de fumo de rolo foi algo que a minha memória olfativa ainda se lembra.
O contato com este tipo de atendimento realmente me encantou. Como uma erva era capaz de limpar a pessoa energeticamente e de forma tão eficaz? Claro que eu não tinha esta percepção na época... eu estava muito pouco tempo nesta dimensão e eu ouvia e via a energia sendo modificada conforme o atendimento ia acontecendo... enfim, o fato é que coisas simples da vida sempre trazem alegrias e cura.
E hoje, quero conversar sobre o que é o benzimento e como ele beneficia a quem o procura.
Claro que tem uma história de seu surgimento e de sua atuação na vida cotidiana das pessoas do passado. A medicina estava engatinhando a passos lentos e morosos, com uma carga de preconceito gigantesca: cheia de não me toque, isso não funciona, aquilo é superstição, não faça isso, não faça aquilo...
O benzimento é uma prática bem antiga e está presente em várias culturas e civilizações. Basta lembrar que existe um curandeiro em toda tribo. E ele é responsável pela saúde energética de sua comunidade.
Se alguém procurar na internet encontrará uma série de rezas e de receitas para curar tudo. Mas isso não significa que todo mundo esteja apto a benzer. Afinal, existem algumas regras a serem levadas em conta para quem se dispõe a praticar esta técnica.
A primeira delas é a Fé. Sem fé não se faz nada. Se o benzedor não acreditar no que está fazendo e não confiar que a providência divina o está ajudando, o benzimento não passará de simples técnicas realizadas mecanicamente. E isso vale para os dois lados: atendente e atendido.
A segunda é o verbo. Novamente, eu me deparo com nomenclaturas e significados das palavras que serão o gatilho de comando, que guiará o trabalho a ser feito. Usando o verbo correto, o Universo agirá de forma mais assertiva.
Quem disse que o dicionário seria usado somente na escola?
A terceira é o bom senso. Sim, bom senso para escolher as palavras certas para cada problema apresentado pelo consulente. Bom senso em entender que estamos tratando pessoas de carne e osso, com sentimentos, com histórico interno que desencadearam a doença da qual querem se ver livres. Bom senso para entender que a dor do outro deve ser levada a sério e deve ser ouvida sem preconceitos ou julgamentos. Entender que se um atendimento foi mal feito, a melhor solução é encaminhá-la a outra pessoa para ser atendida. E depois entender o que aconteceu para corrigir as possíveis falhas, e para que o atendimento se torne mais assertivo.
A quarta é entender que benzer é se colocar à disposição do outro, para servir o outro. É ouvir para entender, ouvir para acolher, ouvir para ajudar. É praticar a empatia sem que esta turve o atendimento.
Estamos vivendo um período na humanidade em que as pessoas estão cada vez mais sós (solitárias), mais carentes. E menos preparadas para resolver os próprios problemas já que querem tudo pronto sem o mínimo de esforço. O que também não é regra para todo atendimento. E o mais importante é não deixar que o atendido saia do local pior do que entrou. Ele está ali em busca de “esperança” e acolhimento. Assim, se não há nada a ser dito, um bom passe deve ser o gatilho ativador de sua melhora.
A quinta é entender que ao atender, o benzedor está doando parte da sua energia, que se junta a energia do Universo, que promoverá será capaz de limpar e reenergizar a pessoa atendida, equalizando seus corpos, para que a cura comece a agir em sua vida.
Em verdade, não existe o termo “doar” sem o “receber”, pois são faces da mesma moeda. Pensando novamente, o que existe é o termo “troca”. Assim, tudo é troca. Eu só posso doar se tiver o outro para receber. E eu só posso receber se tiver o outro para doar. E a vida é assim: um emaranhado de trocas em todos os sentidos.
Estudar filosofia, aprimorar o pensamento empírico e científico em busca de criar soluções que estejam além da hipótese e da antítese e que se torne uma síntese capaz de resolver o problema de forma definitiva, por se tratar de algo novo. Faz parte do atendimento ao atendido.
E o problema só é resolvido quando acontece o entendimento real da causa que gerou a consequência que fez com que o atendido procurasse este atendimento. Uma vez detectada a causa, ela poderá ser entendida, acolhida e iluminada, deixando de fazer parte da vida do atendido.
Estudar a língua portuguesa auxiliará na escolha das melhores palavras que terão por função direcionar a resolução do problema.
A grande pegada é ajudar o atendido a “pensar”, é apontar uma direção para que seu fardo se torne mais leve.
Fico por aqui.
Abraços, cuide-se e fique bem.
Andréa.