Publicado em: 05/01/2025
Esta semana, tive uma epifania de uma passagem ocorrida na minha infância.
A memória tem seus caminhos...
Fui provar uma fruta e tive uma reação adversa imediata, com meu cérebro dizendo que a fruta estava errada, ao ponto de não conseguir engolir.
Eu não entendi, mas acatei. Cuspi a fruta e me afastei dela o suficiente para ficar bem longe dela. Então, eu comecei a analisar a situação. O que estava errado nesta fruta? O sabor? A cor? A textura? A textura lembrava o que? Porque estava errada? E, o que mais me impressionou: porque esta reação adversa tão pontual e forte?
Seria fácil se conseguíssemos fazer estas ligações e chegar ao ponto onde a memória em questão (imagem mental) foi criada. Pensei muito e, sem resultado, deixei passar.
O que achei mais interessante é que num dado momento, quando vi a minha amiga comendo a fruta, a forma como ela manuseou e a colocou na boca, parece que a imagem mental foi completada e o cérebro não só identificou a memória como a trouxe para minha mente imediatamente. Momento em que eu tive uma “epifania”. E tudo se encaixou. Eu entendi e resolvi esta imagem mental. Claro que a textura vai continuar a me incomodar, mas não vou deixar de comer a fruta por conta deste detalhe. O errado da textura na minha cabeça se desfez assim que identifiquei o que estava errado.
Porque estou te contando isso? Porque eu estava pensando no universo criado na infância que nos afeta todos os dias. E como seria bom se este tipo de epifania acontecesse mais regularmente para que as imagens mentais distorcidas fossem resolvidas, liberando energia que poderia ser usada para criar mais memórias boas e felizes...
Entretanto, não é assim que funciona a mente e memória humanas. Cada um tem o seu tempo de entendimento, de assimilação e de mudanças cotidianas. Sei também que existem técnicas de meditação que ajudam e facilitam que este processo aconteça ao ponto de a pessoa evoluir positivamente.
Processo que passa pela filosofia, que é saber o que perguntar e como continuar a perguntar até que cada problema, cada imagem seja resolvida com sucesso. Perguntas existenciais, circunstanciais e com foco no que se quer resolver.
A minha questão ainda passa pelo meu pensar que não se silencia com facilidade. Se algo me incomoda, eu revejo e revivo meus passos procurando fendas que me mostrem ângulos capazes de me fazer entender todo o contexto, para que eu entenda que: o que fiz/reagi foi o meu melhor nas condições que eu tinha no momento do ocorrido, ou que: eu poderia ter agido de outra forma se tivesse percebido melhor todo o contexto.
O que importa é a vontade de entender para que os processos não se repitam. E mais, para que os caminhos trilhados pelos antepassados e que foram caminhos equivocados, mas que os ajudaram a sobreviverem, sejam corrigidos e alinhados ao que eu venho vivendo e ao que eu acredito. O que no final das contas faz com que eu pense cada vez mais sobre cada vez mais coisas e acontecimentos à minha volta e, até referentes aos passos que a humanidade anda dando perante o universo com seu tempo e espaços definidos.
O que me lembra um “meme” da garota perguntando se o amado dela estava pensando nela naquele momento. E no quadro seguinte, o namorado pensando em resolver algum problema de matemática, mostrando que naquele momento ele não estava pensando nela.
Eu também me pego pensando sobre coisas aleatórias referentes aos passos que a humanidade anda dando e que não significa que estejamos evoluindo. O que me lembra que a evolução do universo não acontece pausadamente, mas através de epifanias, de mudanças bruscas, imediatas e aleatórias que faz com que tudo se transforme e tome outra direção.
E pensar sobre isso é bem bom! Porque sempre no final de cada raciocínio filosófico, fica a pergunta: o que posso fazer hoje para que o meu dia seja bom e útil? E, mais: o que posso fazer hoje para ser melhor hoje do que fui ontem? O que posso fazer hoje por mim e pelo outro?
Sabendo das minhas limitações, respeitando-as e aceitando respostas internas como: hoje não! Hoje eu não quero fazer nada e está tudo bem. Porque precisamos do ócio criativo, do ócio “descansante” e do ócio aconchegante.
O que não deve acontecer é desistir. Gosto muito de trocar o “desisto” pela palavra “ainda”: ainda não encontrei a solução, ainda não conquistei o que quero, ainda não aprendi o suficiente, ainda não...
Fico por aqui.
Obrigada por me ler.
Abraços, cuide-se e fique bem.
Andréa.