Publicado em: 02/04/2025
Estes dias, eu estava pensando cá com meus botões sobre uma aula que tive em fevereiro de filosofia referente à desconstrução de paradigmas e a formação do pensamento...
Primeiro, quero conceituar o que seja crivo. Crivo é um objeto circular com fundo reticulado de arame, usado para separar ou limpar grãos e sementes. Em outras palavras, é uma peneira. O que me lembrou invariavelmente das três peneiras de Sócrates (o filósofo, não o jogador). Sim, vamos falar sobre as nossas peneiras internas.
Como você toma suas decisões? É no afã do momento ou medindo prós e contras? Quais são seus critérios? Ou você só decide e pronto?
Não estou falando sobre momentos cruciais em que a vida está em jogo e que a reação é a única alternativa. Estou falando sobre as decisões cotidianas. Quais são os seus critérios? Também não estou falando sobre moralidade ou o que é considerado politicamente correto. Estou falando de critérios daqueles critérios que moldam a sua personalidade. Aqueles que ninguém está vendo ou sabendo. Estou falando das peneiras internas que validam sua tomada de decisão e que te levaram até onde você esta hoje, aqui e agora.
O que é importante, o que você leva em consideração para tomar alguma decisão? E mais, o que você leva em consideração sem ter consciência que está levando em consideração? E vai mais além, vai lá no fundo, na formação do pensamento, na validação daquilo em que você acredita, em que pensa e em que sente.
O que é realmente seu? E o que foi moldado pelos pais, avós, professores, amigos e comunidade? O que está escondido em frases que validam e moldam atitudes? Como este processo acontece ou deveria acontecer? Quantas peneiras você usa para tomar decisões? O que realmente é importante e o que é supérfluo?
Ainda ouço em minha mente exatamente o que o professor disse: “Se você acredita naquilo, é porque passou pelo meu crivo da fé; se você pensa naquilo é porque passou pelo seu crivo da mente; se sente aquilo é porque passou no seu crivo emocional.”
Sim. Venho de uma família pseudo católica kardecista, com todo aquele cabedal de dogmas e controles validados pela criação de medos infundados. Porque são infundados. Não é porque está num livro é que deve ser considerado lei. A folha, o caderno, o papel aceitam tudo o que é escrito ali.
Muitas ideias passaram pelo meu pensamento, aleatórias sobre tudo em tempos diferentes: passado, presente e futuro se enveredando e se misturando como uma bola de cores com suas nuanças, brilhos e formas.
E eu me pego pensando em decisões que me afetaram e modificaram o rumo que a minha vida estava tomando. Sem julgamentos, sem sentimento de culpa, sem pesares. Porque eu fiz o meu melhor no momento que os acontecimentos se desenrolaram e, com o conhecimento que eu tinha na época. Era o que eu dava conta, era o que eu sentia ser o certo.
As perguntas continuam: Oncotô? Pra oncovô? De ondécovim? E a resposta destas perguntas fazem sentido agora? Ou é apenas um devaneio para entender os meus processos internos?
E com você? Você já se pegou lembrando de acontecimentos passados e que ainda lhe afetam? O que você faz quando isso acontece? Ou já se pegou identificando um processo que anda se repetindo em sua vida? Além da análise, o que você faz de concreto para resolver isso? Porque alguns processos insistem em se repetir? O que a vida está tentando ensinar/mostrar? Que tipo de dor está escondida por trás desta repetição que eu não quero ver e que precisa ser acolhida, trazida pra luz e resolvida?
Em minhas tomadas de decisão, alguns pensamentos são pontuais. Algo como: o que ganho se eu conquistar e o que eu perco se eu não conquistar? Vai infringir a lei humana? Que tipo de retorno o universo me apresentará se eu tomar esta decisão (lei do retorno)? Consigo bancar este retorno? Vai me prejudicar, vai prejudicar o outro? Será legal (bacana)? Vale o esforço? Vale a pena? Fará diferença pra mim daqui há um ano ou cinco ou dez? Será uma memória feliz que eu me lembrarei na velhice?
Pra mim, tudo é matemática. Tudo esta junto, misturado e emaranhado. Um fio puxado aqui movimenta a teia da vida e atinge alguém do outro lado do planeta.
É como naquele mito das tecedeiras do destino, com os fios da vida de cada um fazendo parte de uma teia gigantesca chamada vida.
E pra mim não existe aquele papo do “E se”: e se eu tivesse tomado outra decisão nesta ou naquela situação? Porque eu sei que fiz o meu melhor com o conhecimento que eu tinha na época e com o que eu sabia que daria conta. E não é só o pensamento racional, a inteligência emocional mostra e valida.
Eu foco naquilo que eu posso controlar. A reação do outro não é da minha conta, não está no meu controle.
Existe uma charge de Calvin e Haroldo que mostra o Calvin falando com uma flor que tinha o controle sobre ela e que não daria água a ela. Então, no quadro seguinte começa a chover. E isso é tudo. É exatamente isso: o que ele pensava que estava no controle dele não passava de uma ilusão. Assim, trazendo pra vida cotidiana, o que está no seu controle? Que tipo de ilusão você insiste em acreditar?
Não que não sejamos nada. Somos seres humanos que fazemos a diferença pra nós mesmos. Não estamos aqui para uma missão maior do que a de sermos melhores hoje do que fomos ontem. E está tudo bem não termos controle de nada além de nós mesmos.
Assim, vejo que o estoicismo em sua sabedoria atemporal está correto quando nos diz que devemos nos concentrar naquilo que controlamos, assumindo a responsabilidade por nossas ações e aceitando todos os acontecimentos, tomando o cuidado de tirar o melhor proveito deles. Busque manifestar seu eu superior em todos os momentos.
O que me lembra das quatro virtudes estoicas: sabedoria, justiça, coragem e autodisciplina. Não é preciso muito para entrarmos no eixo e seguirmos em frente. Sempre confiantes no melhor.
A vida quer se vivamos da melhor forma, e aprendamos com nossas experimentações em todas as áreas. E que a brindamos todos os dias por estarmos aqui e agora, nesta dimensão, neste espaço tempo, vivendo com as pessoas que estão ao nosso redor.
Tudo é aprendizado.
Voltando para a matemática, que é a ciência mais coerente que conheço, tudo tem um motivo, ou é retorno das nossas ações ou é algo que precisa ser resolvido internamente e a vida nos traz para que reconheçamos em nós e possamos entender e resolver, liberando o bloqueio desta energia que nos ajudará a dar um passo a mais em nossa vida.
E aí, o que você tem feito com o que a vida vem lhe apresentando? E pra onde você quer ir? Você já parou para pensar sobre isso?
Fico por aqui.
Obrigada por me ler.
Andréa
Fonte: Autoconhecimento