Publicado em: 02/06/2025 15:44:00
Há algumas semanas atrás, eu vi um vídeo falando sobre abrirmos espaço para o vazio em nossas vidas. Neste vídeo, a locutora relatava sobre a organização da casa baseada em princípios japoneses.
O vídeo descrevia sobre hábitos minimalistas e como a ordem externa ajuda a trazer para nossas vidas padrões de excelência. E dentre os diversos passos, um me chamou a atenção: criar um espaço vazio dentro de casa.
E eu fiz isso, deixei uma mesa no meu quarto de estudos vazia. Onde eu pudesse resolver coisas nela e limpá-la todos os dias, deixando-a sem nada: vazia.
Nos primeiros dias, eu apenas olhava aquela mesa branca encostada na parede embaixo da janela. E, aos poucos, eu fui me acostumando com este vazio. E eu me senti em paz, na quietude que aquele vazio estava me trazendo. E eu vi possibilidades ali.
Somos treinados para sermos úteis o tempo todo. Para nos mexermos e para ocuparmos nosso tempo ao extremo.
E eu olhava e ainda olho para aquela mesa vazia, limpa e em silêncio. Apenas uma mesa encostada na parede.
Os dias passaram rapidamente. E eu senti vontade de arrumar tudo. Consertar objetos, a pia da cozinha, a cuba do banheiro, o sofá. Cada dia um ponto pequeno. Limpando, organizando, harmonizando o meu ambiente. Uma gaveta, uma pasta, uma planta.
Eliminei caixas e arquivos desnecessários em meu computador. Mudei móveis do lugar, refiz altares. Eliminei objetos nunca usados e que estavam ocupando espaço, travando minha energia de dar e receber, de fluir.
E eu senti o desafio do vazio me instigando a agir com calma e resiliência. Um passo de cada vez. Uma mudança pequena a cada dia.
De repente, tudo o que parecia grande demais para consertar ou fazer começou a ganhar novos significados. Não precisa de tanta dor ou tanto sofrimento, ou mesmo, tanta discussão interna que trava o fazer, o criar, o desenvolver.
E eu comecei a me escutar, a escutar o que está dentro de mim. O que quero faz mesmo sentido na minha vida? É mesmo necessário? Ou é um capricho?
Lembro de alguns alertas que o vídeo relatou: a mudança deve ser pensada, analisada e deixada de lado por um mês antes de ser realizada.
Quem acumula tudo e cada vez mais trava a energia e a estagna, travando a roda da vida, num tempo parado. E nada mais acontece.
Senti necessidade de mais vazio em cada cômodo da casa.
Assim, eu me vi pensando em objetos que devo manter em minha vida e em cada cômodo da casa: livros, cursos, roupas, objetos de decoração. Preciso disto tudo?
E então, veio o pensamento de tornar tudo simples em todas as áreas da minha vida. Buscar sentido para cada passo, para cada tarefa, para cada objeto que trago pra casa. E os que eu deixo ir, por não fazerem mais sentido e estarem ocupando espaço. Espaço que deveria ser usado para algo que tenha significado.
O pensamento de fazer com que tudo seja simples continua crescendo, porque a vida é isso: simplicidade. A simplicidade que começou a sair da margem para ocupar um lugar mais importante dentro do meu coração.
E tudo começou com o vazio, o silêncio. O respirar pausada e ritmadamente.
Assim, sigo buscando, sem pressa, sem me atropelar, aproveitando cada momento, cada livro, cada refeição e o sono também.
Uma casa organizada, uma vida organizada começa com o primeiro passo. Dar sentido para as próprias mãos, os ouvidos, os olhos e a boca.
Se for para lutar, lute por algo que valha a pena e que fará diferença na vida.
Se for para ter, que tenha objetos que sejam úteis ou que tragam um valor sentimental que exale conforto, aconchego e lembranças felizes.
Se for para estudar, que sejam disciplinas e temas que alegrem e abram a mente.
Tudo a seu tempo, tudo em seu lugar.
A intensidade está no viver com propósito, está no aproveitar cada segundo, porque toda experiencia é válida.
E fica aqui um desafio: você já pensou em abrir espaço para o vazio em sua vida?
Fico por aqui.
Obrigada por me ler.
Andréa
Fonte: Autoconhecimento